Nunca duvide
Wellington Miranda
Nunca duvide do
sonho de uma criança, do desejo de uma mulher e do objetivo de um homem.
Daquele que
nada tem, pensando que nada conseguirà. Daquele que “tudo” (o tudo nao se pode
ter, somos faltantes) tem, pensando que jamais perderà.
Do conselho de
um pai e da preocupaçao de uma mae. É bem verdade que nao sabem da sua vida
mais que voce, mas sabem bem mais a respeito da vida em si.
Das leis que de
alguma forma almejam propagar e manterem uma ordem. Dos que dizem que nunca
matarao ou se matarao. Daqueles que dizem amar sem as vezes dizer “eu te amo”.
Nunca duvide...
Que as estrelas
sao testemunhas de amores incontàveis, cenas inimaginàveis e loucuras
alucinantes. Que o sol è capaz de levantar o doente, melhorar o humor e mostrar
a graça das manhas.
Que Deus tudo
pode – se realmente desejar. Que o homem pode te fazer mal mais do que tem te
feito e que a maldade pode piorar ainda mais.
Que um passo
incerto e duvidoso pode ser a chave de uma grande vitòria, inicio de uma bela
història e fim de uma possìvel tragédia.
De um
verdadeiro amor, de uma paixao prolongada, de casais feitos um para o outro. De
històrias e estòrias de amor, o amor tudo suporta, tudo pode...
Nunca duvide...
Da loucura sà
de um maluco, da vida louca que o “normal” exerce e daquele que realmente se
despede da dor.
Da dor que
mata, da palavra que maltrata e do bem que traz a vida.
Daquele que diz
andar sobre as àguas, viver quando parece ter morrido e silenciar-se quando
aparentemente deveria ter falado.
Do silencio do
falante, da “falaçao” do tìmido e da visao do cego. Do escutar do surdo, da
verbalidade do mudo e do sentimento do aparentemente insensìvel.
Nunca duvide...
Do sorriso do
louco (afinal quem o è?), da arte produzida por tuas maos, da beleza de
sentimentos que exalam seus pensamentos.
Da sabedoria de
um mendigo, dos relatos de um bebado e da sinceridade de um marginalizado.
Daqueles que
choram por causa do outro, pelo outro, com o outro e no outro. Excessoes ainda
existem. Regras existem para seguirem, mas tambèm para serem quebradas...
Daqueles que
preferem sofrer com sua propria dor, ficarem sozinhas, se aquecerem com aquilo
que nao traz calor.
De um movimento
que traz paz, da crença que ameniza a dor, do real significado de uma arte e do
sentido real da morte.
Nunca duvide...
Do homem sério
que contava dinheiro e que hoje tudo deixou. Daquele que deixou de contar vantagem
e parou! Da namorada que cansou de contar estrelas.
Da moça que
hoje sorri porque somente vivia calada e da flor que aparentava nunca
desabrochar. Do velho que se encheu do cansaço e resolveu pensar, bailar,
viver...
Da lua que se
escondeu, do sentimento que se encobriu, do vero eu! Daquele que se diz ser o
pròprio céu, arranhar os céus e beijar as “Tres marias”.
Do operàrio que
diz sonhar com o conforto que o dinheiro dà, mas que se orgulha da honra que
ensinou ao filho. Que o perfume ainda faz lembrar, que o coraçao ainda palpita.
Da separaçao,
das oportunidades que aparecem apenas uma vez na vida. Do pés descalço que diz
que chegarà. Que um coraçao se despedaça com atos e se atrofia com palavras.
Nunca duvide...
Que o exemplo
de vida diz mais que palavras. Que o amor è como um raio: forte, veloz. Como
segui-lo? Da aeromoça que tem medo de altura, do piloto suicida. Que o coraçao
de quem ama, parece sempre faltar um pedaço...
Da cumplicidade
de uma pequena comunidade, dos relatos dos idosos e do conteudo das
cidadezinhas medievais.
Das asas da
noite que surgem e correm no profundo. Das buzinas que se transformam em
melodias, dos amantes que se perdem em noites uivantes. Dos gritos estridentes
dos desesperados, da dor verdadeira da alma, do brilho que se faz na noite
escura.
Do dedo da
criança que sinaliza um ato, do gesto infantil do adulto que mostra o desejo.
Que as trevas se dissipam em nèvoas e a fè move montanhas.
Do càlice da
ira de Deus. Chegarà o dia em que serà derramado e que os que roubaram,
mataram, usaram do dinheiro publico, prostituiram, tiraram daqueles que jà nao
tinham, terao que dar conta!
Nunca duvide...
Da beleza sacra
de um quadro, da eternidade de “rabiscos” numa tela branca, do desenho sem
formas mas que reflete a perfeiçao da subjetividade.
Que coisas de
um dia poderao perdurar por uma vida. Que existem lastros que nao se apagarao e
o seguirao atè a eternidade...
Do bem estar
que produz conversar com amigos, passear, produzir maravilhas. Da beleza que
existe mas nao se ve, ou da beleza que se ve, mas nao se cre. Afinal, da feia
larva se transforma a bela borboleta.
Do prazer
daqueles que dançam na chuva e sorriem em todas as situaçoes. Dos que nada tem,
mas mesmo assim compartilham, dividem. Beleza de Cristo neles...
De namoros
iniciados em trens, roda de amigos, que acabaram em casamento. De casamentos
felizes e reais mesmo sem vestidos e cerimonias. De amor semeado ao vento,
lançado aos campos, passageiro de algum destino.
Do vento que
faz sonhar, das àguas do coraçao que levam a
mares inexplorados.