domingo, 6 de janeiro de 2013


Nunca duvide

Wellington Miranda 

Nunca duvide do sonho de uma criança, do desejo de uma mulher e do objetivo de um homem.
Daquele que nada tem, pensando que nada conseguirà. Daquele que “tudo” (o tudo nao se pode ter, somos faltantes) tem, pensando que jamais perderà.
Do conselho de um pai e da preocupaçao de uma mae. É bem verdade que nao sabem da sua vida mais que voce, mas sabem bem mais a respeito da vida em si.
Das leis que de alguma forma almejam propagar e manterem uma ordem. Dos que dizem que nunca matarao ou se matarao. Daqueles que dizem amar sem as vezes dizer “eu te amo”.
Nunca duvide...
Que as estrelas sao testemunhas de amores incontàveis, cenas inimaginàveis e loucuras alucinantes. Que o sol è capaz de levantar o doente, melhorar o humor e mostrar a graça das manhas.
Que Deus tudo pode – se realmente desejar. Que o homem pode te fazer mal mais do que tem te feito e que a maldade pode piorar ainda mais.
Que um passo incerto e duvidoso pode ser a chave de uma grande vitòria, inicio de uma bela història e fim de uma possìvel tragédia.
De um verdadeiro amor, de uma paixao prolongada, de casais feitos um para o outro. De històrias e estòrias de amor, o amor tudo suporta, tudo pode...
Nunca duvide...
Da loucura sà de um maluco, da vida louca que o “normal” exerce e daquele que realmente se despede da dor.
Da dor que mata, da palavra que maltrata e do bem que traz a vida.
Daquele que diz andar sobre as àguas, viver quando parece ter morrido e silenciar-se quando aparentemente deveria ter falado.
Do silencio do falante, da “falaçao” do tìmido e da visao do cego. Do escutar do surdo, da verbalidade do mudo e do sentimento do aparentemente insensìvel.
Nunca duvide...
Do sorriso do louco (afinal quem o è?), da arte produzida por tuas maos, da beleza de sentimentos que exalam seus pensamentos.
Da sabedoria de um mendigo, dos relatos de um bebado e da sinceridade de um marginalizado.
Daqueles que choram por causa do outro, pelo outro, com o outro e no outro. Excessoes ainda existem. Regras existem para seguirem, mas tambèm para serem quebradas...
Daqueles que preferem sofrer com sua propria dor, ficarem sozinhas, se aquecerem com aquilo que nao traz calor.
De um movimento que traz paz, da crença que ameniza a dor, do real significado de uma arte e do sentido real da morte.
Nunca duvide...
Do homem sério que contava dinheiro e que hoje tudo deixou. Daquele que deixou de contar vantagem e parou! Da namorada que cansou de contar estrelas.
Da moça que hoje sorri porque somente vivia calada e da flor que aparentava nunca desabrochar. Do velho que se encheu do cansaço e resolveu pensar, bailar, viver...
Da lua que se escondeu, do sentimento que se encobriu, do vero eu! Daquele que se diz ser o pròprio céu, arranhar os céus e beijar as “Tres marias”.
Do operàrio que diz sonhar com o conforto que o dinheiro dà, mas que se orgulha da honra que ensinou ao filho. Que o perfume ainda faz lembrar, que o coraçao ainda palpita.
Da separaçao, das oportunidades que aparecem apenas uma vez na vida. Do pés descalço que diz que chegarà. Que um coraçao se despedaça com atos e se atrofia com palavras.
Nunca duvide...
Que o exemplo de vida diz mais que palavras. Que o amor è como um raio: forte, veloz. Como segui-lo? Da aeromoça que tem medo de altura, do piloto suicida. Que o coraçao de quem ama, parece sempre faltar um pedaço...
Da cumplicidade de uma pequena comunidade, dos relatos dos idosos e do conteudo das cidadezinhas medievais.
Das asas da noite que surgem e correm no profundo. Das buzinas que se transformam em melodias, dos amantes que se perdem em noites uivantes. Dos gritos estridentes dos desesperados, da dor verdadeira da alma, do brilho que se faz na noite escura.
Do dedo da criança que sinaliza um ato, do gesto infantil do adulto que mostra o desejo. Que as trevas se dissipam em nèvoas e a fè move montanhas.
Do càlice da ira de Deus. Chegarà o dia em que serà derramado e que os que roubaram, mataram, usaram do dinheiro publico, prostituiram, tiraram daqueles que jà nao tinham, terao que dar conta!
Nunca duvide...
Da beleza sacra de um quadro, da eternidade de “rabiscos” numa tela branca, do desenho sem formas mas que reflete a perfeiçao da subjetividade.
Que coisas de um dia poderao perdurar por uma vida. Que existem lastros que nao se apagarao e o seguirao atè a eternidade...
Do bem estar que produz conversar com amigos, passear, produzir maravilhas. Da beleza que existe mas nao se ve, ou da beleza que se ve, mas nao se cre. Afinal, da feia larva se transforma a bela borboleta.
Do prazer daqueles que dançam na chuva e sorriem em todas as situaçoes. Dos que nada tem, mas mesmo assim compartilham, dividem. Beleza de Cristo neles...
De namoros iniciados em trens, roda de amigos, que acabaram em casamento. De casamentos felizes e reais mesmo sem vestidos e cerimonias. De amor semeado ao vento, lançado aos campos, passageiro de algum destino.
Do vento que faz sonhar, das àguas do coraçao que levam a  mares inexplorados.

Nunca duvide... daqueles que mesmo sem asas, conseguem voar!

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