segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sobre cactos e cristãos

Wellington Miranda


Perdoem-me por pensar tanto.É que meus pensamentos saltam como milho quando
vira pipoca.
Entram sem pedir licença e saem quando eu escrevo. Assim começa a minha escrita: das coisas mais simples às mais sofisticadas, ou vice-versa.

Acredito que por haver passado por alguns desertos, é que associei a idéia de cacto ao cristão.


Então, “senta que lá vem a história!

O termo cactos foi usado há cerca de 300 anos antes de Cristo pelo grego Teofrastus. Em seu trabalho chamado Historia Plantarum, ele associa o nome cacto à plantas com fortes espinhos. Embora os cactos possam ter formas diversas, ainda hoje associamos a idéia de que são plantas com muitos espinhos. Apesar de 92% de sua estrutura ser composta por água, a presença do cacto indica sempre um solo pobre e seco.

Por aqui, começa meu devaneio...

Nem toda planta que possui água e espinho é cacto.Assim como nem todo aquele que se diz ser cristão, é.Sua presença pode indicar o que o cacto indica: que está em solo seco e pobre.

A bíblia nos ensina a reconhecermos uma árvore, pelo fruto que ela dá. E quando reconhecemos um cristão? Quando vemos em seu comportamento algo de reto, exemplar, de caráter. Algo que dá fruto...

O curioso é que todos os cactos florescem.Porém, algumas espécies só dão flores após os 80 anos de idade ou quando chegam a atingir altura superior a dois metros. Ou seja: tem crente que passa a vida inteira na igreja e está sujeito a perder a salvação.Outros estão esperando os milagres caírem do céu para que possam ser felizes e há outros, que estão esperando seu crescimento para florescerem.

Mas também há aqueles que não possuem a água que vos sustenta (Jesus Cristo) e sua fé está firmada em imagens que tem ouvido e não ouve e em deuses que não salvam.

Infelizmente existem cristãos acreditando que santidade tem haver com antiguidade e que sorriso no rosto é perversidade.

Estão esperando chegar “aos oitenta anos ou aos dois metros de altura”.

Quando cito esperar, meu pensamento se remete à idéia de comodismo, de inércia, de imobilidade. Idéia esta que tem se tornado verdade no cotidiano de algumas igrejas e de muitos que se dizem crentes.
Esqueceram que Deus os abençoou com desejos e sonhos.Com ousadia e intrepidez.Com astúcia e prudência.Com capacidade para aprender e com humildade para aceitar os erros.

Olho para o cacto e aprendo com ele. Aprendo que depois da primeira floração (para nós, primeiros frutos, boas ações, etc), todo ano, na mesma época, as flores voltam a aparecer.

Mas diferente dos cactos, nossa beleza não pode aparecer anualmente e nem nossos frutos, esporadicamente.
Ao contrário de muitos, acreditamos no reflorescimento a cada manhã, na ajuda mútua constante e no compadecimento com as almas, sempre.

Para nós cristãos, o sentimento de união e boa ação, não se dá somente em épocas de natal, dia das crianças ou sexta-feira da paixão.Estas datas são datas de desertos...dias de introspecção... que para muitos, acaba ali mesmo.

Não somos cactos para vivermos somente em lugares áridos ou desérticos.Somos responsáveis por nossas escolhas e como “vivemos” a vida. Temos a liberdade de escolher a terra que seremos plantados.

Mas também nos assemelhamos às plantas, pois possuímos a capacidade de nos adaptarmos ao ambiente no qual vivemos. A diferença é que ela (planta, cacto) não escolhe onde quer ficar, onde deseja ser plantada. Se o cacto não se adaptar ao lugar, ele morre.Se nós não nos adaptarmos, temos outras escolhas que podem nos trazer alegria.No entanto, as plantas conseguem mostrar sua beleza, mesmo nos lugares que não escolheram estar.Mesmo em meio aos espinhos, ao deserto - por um período longo sem chuvas – permanecem vigorosos! Ambos – cactos e cristãos – passam por um processo evolutivo. A diferença é que o cacto, faz o deserto ficar belo e o cristão, faz do belo um fardo.

Deus te capacita com o que você tem! Utiliza de suas habilidades para servi-lo e propagar Sua verdade! Independente de cor, raça, intelectualidade ou analfabetismo. Por que “...a letra mata, mas o espírito vivifica...”.Ele utiliza quem quer, na hora que Ele quiser.Mas somos mesquinhos, neuróticos e muitas vezes invadidos pela insatisfação e ingratidão.

Os cactos não se preocupam com sua estatura – de 2 cm a 10m de altura – e nem com o que hão de comer.

Uma das adaptações do cacto para viver, é apresentar raízes superficiais, muito longas e ramificadas, permitindo o aproveitamento de uma grande área de solo que permanece úmida por pouco tempo quando chove. Segundo os estudiosos, há espécies que têm uma raiz principal muito grossa para acumular um bom volume de água e substâncias nutritivas. Muitas vezes, essas raízes são mais grossas que a parte aérea da planta.

Vou ao Salmo 1, pois apesar d’eu não ter raiz propriamente dita, sigo o exemplo do cacto que finda sua raiz na terra, afim de conseguir sustento e confiança para não se abalar com a situação desértica.
Passo a meditar e ter meu prazer nas leis do Senhor, pois as escrituras nos ensina, que se isto conseguirmos, “...seremos como árvore plantada junto ao ribeiro, a qual dará seu fruto na estação própria e cujas folhas não caem...”

A diferença é que nossa água não seca, pois é água que vem do Trono de Deus! Quando ingerimos desta água, o que é impuro começa a sair e dar lugar ao que é bom e agradável.

Mas como acumular esta água? Como beber desta água e não deixar que me esvazie?Como passar pelo deserto e resistir aos longos períodos de secas pelos quais passamos?
Arrisco um palpite, reconhecendo que não tenho respostas para muitas perguntas: obedecendo as Leis de Deus, vigiando, orando e jejuando.Buscando esperança no ribeiro, notando a beleza que resplandece a cada amanhecer! Amando mais, arriscando mais.Fazendo mais análise (pois estarei em contato direto com meu lado nefasto), perdoando mais e sabendo que “...tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus...”.

O conseguir acumular esta água, novamente nos assemelha aos cactos, que apesar de não precisarem da beleza de Deus – pois refletem Deus em sua simples existência - apresentam uma pele espessa com uma cera que ajuda a evitar a perda por transpiração. A planta tem também estômatos - estruturas semelhantes aos nossos poros -, que durante o dia, sob sol forte, permanecem fechados para evitar a perda da água na forma de vapor.

Mas a água do cristão não se perde com o vapor.Se perde com o distanciamento de Deus.Com o superabundar do pecado e com o exercício efetivo de nossas próprias vontades, não obedecendo à vontade do Pai.

Os cactos necessitam de sol e ventilação.Nós precisamos da luz eterna que nunca se apaga (Jesus Cristo) e do sopro do Espírito Santo, que é o único vento capaz de refrigerar totalmente uma alma.

Os espinhos são uma característica marcante dos cactos.Nós cristãos, somos marcados pelo sangue do cordeiro e carregamos muitas vezes, a marca de Cristo.

Não Cristãos!Não nos reduzamos a cactos! Apenas aprendamos com eles, assim como sempre estamos aprendendo com o próximo! E por que não?
Porque seus espinhos nada mais são do que folhas que se reduziram no processo de evolução desta planta!

Nossas flores não podem se reduzir a espinhos.Não precisamos de espinhos para nos defender e nem para evitar a transpiração como fazem os cactos.

Precisamos dar frutos e nossas flores, brotarem...

Que a evolução (espiritual ou não) não venha tirar o que de belo existe em nós.Que em nossas readaptações pela vida, não venhamos reduzir nossas flores em espinhos e nem nossos sonhos em frustrações.

Que passemos pelo deserto em boa companhia e que brindemos junto aos cactos, a arte de reter água, mesmo em terra seca!

Que Deus continue lhe abençoando

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